Sexta-feira, 22 de Maio de 2009
Descaso em Hospital Psiquiátrico
No mês em que se comemora o advento da Reforma Psiquiátrica relato trechos do site Pensando pra Variar, onde está publicado a realidade de pacientes internos no Hospital José Alberto Maia, situado em Pernambuco:
"Este documento trata de um desabafo de uma parente de paciente que se viu num hospital psiquiátrico, Hospital José Alberto Maia, situado em Camaragibe, Pernambuco, profundamente corrupto, sem moral, onde a última preocupação era com o HUMANO, o paciente portador de doença mental.
O descaso, as negociatas, as propinas, o sofrimento, a falta de cuidado, o ambiente insalubre, a falta de roupas, lençóis, colchões, o excesso de percevejos, baratas, ratos, comida que mais parecia uma lavagem, funcionários que tratam pacientes como seus empregados, que os colocam para catar o lixo, comer sobras, dormirem expostos ao frio, como nos casos dos idosos e pacientes tuberculosos, o alto índice de óbitos, muitas delas por falta de mínimos cuidados, onde alguns médicos da instituição nem tem coragem de colocar o verdadeiro motivo da ”alta celestial” como diziam, por ser motivo de cassação de seus conselhos.
Esses pacientes vivem em condições sub-humanas, e os empresários da psiquiatria serem pagos, e aqui não interessa o valor, são pagos e é o que importa, para tratar e assim o fazem da maneira acima descrita.
Além de outros funcionários subornarem e pressionarem famílias de pacientes para lhe arrancarem o pouco que elas tem. As diaristas de cada pavilhão distribuem lanches para todas as outras, era tirado dos lanches trazidos por familiares, para serem dados a seus parentes (o hospital não dá lanche algum), muitas vezes as diaristas mostraram-me roupas e objetos pessoais que elas próprias compravam para determinada usuária, era com dinheiro da família da mesma, elas, porém ocultavam esse detalhe.
Uma vez a diarista do Pavilhão José OtávioI, ligou-me dizendo que arrombaram a sua gaveta e levaram os pertences de algumas pacientes, lhe orientei a procurar a direção do hospital, ela não o fez, descobri que ela sumia com o dinheiro e criava essa estória.Em outro momento, junto com a outra diarista do mesmo pavilhão, constatei que ela recebia envelopes de dinheiro de famílias humildes e carentes, que ela as coagia, prática que no futuro descobri ser muito usual entre as diaristas antigas, bem como com as assistentes sociais, que também pediam direta ou indiretamente dinheiro, presentes ou favores outros,as famílias que tinham pacientes ali internos.
Também comecei a observar que os pacientes fumavam muito, fumo de rolo,éramos,nós funcionários, fumantes passivos.
Faziam sexo com promiscuidade e em todo lugar, eram muito sujas, a assepsia era rara, as chagas e as doenças surgiam devido a falta de higiene, pacientes caminhavam junto com ratazanas, esgoto da lavanderia, cobras devido a enorme área verde, a fome também não dava trégua, comida escassa,ruim, suja,uma lavagem.As pacientes reclamavam em vão, iam perdendo peso,perdendo peso, até ficarem tuberculosas e irem para o pavilhão dos tuberculosos e de lá morrerem.
Quando não, morriam de causa desconhecida,o laudo que os clínicos brigavam para não dar,e não se comprometerem, era diagnosticado: Parada Cardio Respiratória.
Comecei a observar os outros pacientes, e constatei outro absurdo, eles trabalhavam: no jardim, esfregando chão,carregando pesados baldes de cloro, empurrando carroças com o lixo, lavando refeitório, carregando material de limpeza, enfim tudo que os funcionários designados para esses tipos de serviço, deveriam fazer mandavam os pacientes.E os coitados, ficavam doentes, com doenças de pele devido ao cloro, e tantas outras.
Observava muito, e logo percebi que muitos funcionários apenas batiam o ponto e saiam,eram pagos , pela verba federal,mas trabalhavam nas casas dos donos do referido hospital,mais um crime.
Via também pacientes fazerem favores aos funcionários,indo a padarias,barracas,supermercados,chegarem cheios de sacolas,cansados de carregarem tanto peso, que estranho,não são pacientes crônicos que devem viver enclausurados?
Mais um dado interessante que via com frequência, o bicheiro,homem que passa jogo do bicho, tinha livre acesso as dependências dos pavilhões,para os pacientes fazerem seus jogos,crime de incentivo ao jogo em pessoas inimputáveis.
Subornavam o porteiro para terem acesso a recepção, e a sair de vez em quando, davam cigarros, lanches e até dinheiro.
Outra prática muito comum na época do Imposto de Renda, era a venda desenfreada de recibos falsos,era incrível como todo mundo passava recibo para todo mundo.
Declarações de patologias, nem sempre verdadeiras, para que os pacientes continuassem ali eram habituais na época de fiscalização.
Outro dado curioso era que algumas famílias não prestavam assistência adequada a seus parentes ali internos, ficando com a verba de direito do paciente, a LOAS, e o curioso é que as assistentes sociais tinham uma enorme resistência de denunciar o fato, bem como de realizar visitas as residências, e levar os pacientes para passeios fora do ambiente hospitalar.
Colchões dos pacientes eram expostos ao sol, fétidos, lençóis rasgados, camas sem colchão, pacientes nuas o dia inteiro. Algumas estavam tão bronzeadas que as queimaduras confundiam-se com marcas de sujeira entranhada no corpo,ficavam nuas jogadas no sol escaldante todo o dia,nenhum plantonista se dignava a tirá-las do sol.
As mais deficitárias comiam o que viam pela frente inclusive tive a oportunidade de ver uma comer um rato.
A diarista do Pavilhão José Otávio I, administra cinco cartões de beneficio das pacientes.
O porteiro do hospital, como tantos funcionários, empresta dinheiro à juros, aos pacientes orientados, isso é sabido por todo o corpo técnico, e mais uma vez, não é tomada nenhuma providência.
Uma paciente muito querida da corrupta da assistente social do Pavilhão Otávio de Freitas I, em uma oportunidade,me pediu socorro alegando que não ia com a assistente buscar seu dinheiro no banco, e me pediu para chamar a polícia, a referida assistente social estava no mesmo recinto, e discutiu com a paciente chegando a usar expressões de baixo escalão,disse que não ia mais buscar o dinheiro da mesma, que não era obrigação dela, mas o estranho é que todas elas fazem uma enorme questão de receber o beneficio da maioria dos pacientes.Porquê será?
Também vi uma cena que me chocou muito, uma paciente deficitária, agrediu uma assistente social, foi medicada, e quando tomava a injeção bateu na auxiliar, que na mesma hora, virou os dedos de sua mão para trás machucando a paciente, foi horrível ver como existe funcionários lá que odeiam tanto as pacientes.
Em junho de 2007, paciente deficitário do Pavilhão Jarbas Pernambucano, um paciente deficitário, é incumbido pelas auxiliares do pavilhão a levar xerém para outro paciente, devido ao grau de deficiência profunda, queima-se de forma violenta.
Descobriu-se o caso, devido a denúncia de outro paciente orientado, que informou as psicólogas o ocorrido, mais uma vez, ninguém é punido, o paciente, está internado.
No começo de 2007, um outro paciente , do pavilhão Leonel Miranda, foi encontrado ruído pelas baratas que proliferam no local.
Na Unidade de Tratamento Clínico(UTC),um paciente idoso espera a morte sem cuidados , vítima de um câncer na boca.
Em abril de 2007, um outro paciente do pavilhão Alcides Codeceira, estava sozinho esquentando água com um mergulhão, a água virou por cima dele, ocasionando sérias queimaduras, a enfermagem não recebeu uma advertência sequer, segundo o mesmo,cansou de ser acordado com baldes de água na cabeça, e tentou suicídio.
Em janeiro de 2007, a paciente do Pavilhão Otávio de Freitas I, deficitária grave, surgiu no pavilhão com um a cobra coral enrolada em seu braço, a paciente se debatia para tirá-la sem socorro.
Por fim conseguiu por seus próprios esforços demovê-la , pegando-a novamente e atirando na grade, enquanto outra paciente igualmente deficitária tentava comer o bicho.
Uma outra do mesmo pavilhão, apareceu com micose e fungos e foi avaliada pela clínica como sendo devido a exposição as sujeiras já que é ela quem limpa o pavilhão, nada foi feito.
No pavilhão das idosas o médico cardiologista pediu que suspendessem a medicação das pacientes ,devido ao longo tempo de uso, nada foi feito, nem mesmo revisar as medicações p/ diminuir a quantidade.
O descaso continuou, com mais uma paciente do Pavilhão Otávio de Feitas I, na sexta,oito de dezembro de 2006,a assistente social do Ministério Público,deixou a verba que seu genitor ,interno em um abrigo em Jaboatão dos Guararapes lhe reserva, a paciente em questão ,esta desorientada no espaço tempo, suja, cabelos e unhas por fazer,mesmo assim se houvesse desprendimento,se as auxiliares a higienizassem, daria para a mesma sair com a assistente social e comprar seus objetos pessoais,nada disso foi feito, pois tanto a asistente social do referido pavilhão, como sua coordenadora, poderiam ter saído com a paciente para junto com ela ,comprarem seus pertences pessoais.
Ao invés disso deram toda a importância de duzentos e quarenta reais,nas mãos da paciente, porque como ela estava sendo trazida pelo Ministério Público, ficaram com medo de furtar essa verba, como fazem com as demais, o que obviamente,como é do conhecimento de todos que ali trabalham,vai se extraviar nas mãos de outros pacientes, ou até mesmo funcionários mais espertos.
Encontrei em uma tarde, na recepção do hospital, a filha de uma das pacientes, ela chorava e dizia a nós visitantes que ali estavam, que sua mãe iria morrer, fui conversar com ela , a mesma referiu ser sua genitora, que estava com prolapso retal, ligamos para o pavilhão e a nova diarista disse que não tinha certeza se o médico já havia visto,mas que estava tudo bem.
Nós vimos a paciente em questão, que é uma pessoa desorientada, estava seminua e sentada no chão imundo, pude ver a extensão de seu problema, senti vergonha de estar ali,parecia compactuar para piorar o sofrimento humano, mais do que a doença mental já lhe proporcionava.
A auxiliar de enfermagem a levou para dar-lhe um banho, ia ser vista pela médica clínica que, por sorte, estava no pavilhão, a médica que até aquele momento parecia uma das poucas pessoas comprometidas com a causa, parecia ter se aliado ao “sistema”,olhou com desdém para a paciente, e por fim referiu que não podia pedir sua transferência para a UTC, pois se tratava de um simples prolapso retal, e que no pavilhão das idosas havia uma paciente que convivia com esse problema não precisando ser transferida.
Fiquei horrorizada com aquela situação, por mais que as auxiliares relatassem a magrem, a dificuldade para lhe assearem, e por fim a febre (que seria sintoma de uma possível infecção),nada a fazia mudar de idéia.
Estava “atacada”, envergonhada, e pensava comigo, "Essa mulher não tem mãe, nem filho não imagina que poderia ser um desses que poderiam está no lugar daquela pobre mulher", que já pelo seu olhar pedia socorro, enfim mesmo não projetando para um parente, mas isso fere nossa dignidade humana, enquanto pessoa, ser humano, será que essa médica não se sente agredindo e matando um semelhante.
A diarista do pavilhão José OtávioI, me contou que quando o pavilhão feminino situava-se no Alcides Codeceira, ela trancou algumas pacientes no quarto e elas com raiva atearam fogo a si mesmas ,e isso terminou em óbito de uma delas.
E que só tomavam banho aos sábados, a higiene ainda era mais precária do que imaginava.
Muitas pessoas que ali estavam, na verdade não precisavam está lá, mas eram internas sem a fiscalização do Ministério Público, às escondidas.
Como o hospital era muito grande alguns pacientes orientados e que faziam uso de álcool e drogas, usavam as dependências do hospital pra fazê-lo, outros fugiam pelos fundos indo para o bairro.
A escolinha que as terapeutas ocupacionais usavam para trabalhar com os pacientes, se transformava em motel para os funcionários que muitas vezes eram flagrados em posições íntimas.
Sexo era, e é, uma coisa banalizada entre eles, doença das mais diversas proliferavam, doentes infectavam os sadios, o ambiente é fétido, imundo.
Suicídios e assassinatos eram praticados por pacientes, e os casos eram omitidos da policia.
Os pacientes do pavilhão Anita Paes Barreto, que eram os mais deficitários, tomavam banho com se estivessem num campo de concentração, todos em fila, nus, o auxiliar de enfermagem jogando água neles com uma mangueira.
Os lanches trazidos, como já citei, eram devorados pelas diaristas e auxiliares do pavilhão.
Havia um paciente no pavilhão Jarbas Pernambucano, que negociava abertamente venda de rádios, cds, dvds piratas, e telefones celulares todos de procedência duvidosa, inclusive houve um furto de celular de uma funcionária, onde houve a desconfiança de ter sido o próprio, mas nada foi apurado.
A venda de produtos a pacientes era uma prática comum entre os funcionários principalmente dos níveis médio e elementar eles se aproveitavam da doença mental,para ganhar um extra, e a confusão começava quando os pacientes adquiriam produtos de qualidade inferior ao preço que haviam pago,alguns auxiliares e faxineiras, procuravam o serviço social, para que forçassem o paciente a pagar,o que era feito pelas assistentes sociais.
Só resta uma pergunta, eles não são inimputáveis, como podem comprar, vender, etc?
As coisas pioravam muito durante a noite,que os plantonistas iam para o trabalho apenas dormir, inúmeras queixas se recebia todos os dias das pacientes,que eram agredidas nos seus leitos por outras, pediam socorro e encontravam a porta do posto de enfermagem trancada.
Pacientes masculinos vinham de seus pavilhões para terem relações sexuais permitidas ou por meio de violência, usavam o banheiro delas apesar das reclamações das mesmas,arrombavam seus armários,furtando seus pertences.
Outras pediam seu remédio noturno e não eram atendidas,quando havia um creme para passar piorou,ficavam sem.
Colchões dos pacientes eram expostos ao sol, fétidos, lençóis rasgados, camas sem colchão, pacientes nuas o dia inteiro.
Algumas estavam tão bronzeadas que as queimaduras confundiam-se com marcas de sujeira entranhada no corpo,ficavam nuas jogadas no sol escaldante todo o dia,nenhum plantonista se dignava a tirá-las do sol.
As mais deficitárias comiam o que viam pela frente inclusive tive a oportunidade de ver uma comer um rato.Também comecei a observar que os pacientes fumavam muito, fumo de rolo.
Faziam sexo com promiscuidade e em todo lugar, eram muito sujas, a assepsia era rara, as chagas e as doenças surgiam devido a falta de higiene, pacientes caminhavam junto com ratazanas, esgoto da lavanderia, cobras devido a enorme área verde, a fome também não dava trégua, comida escassa,ruim, suja,uma lavagem.
As pacientes reclamavam em vão, iam perdendo peso,perdendo peso, até ficarem tuberculosas e irem para o pavilhão dos tuberculosos e de lá morrerem.
Quando não, morriam de causa desconhecida,o laudo que os clínicos brigavam para não dar,e não se comprometerem, era diagnosticado: Parada Cardio Respiratória.
Comecei a observar os outros pacientes, e constatei outro absurdo, eles trabalhavam: no jardim, esfregando chão,carregando pesados baldes de cloro, empurrando carroças com o lixo, lavando refeitório, carregando material de limpeza, enfim tudo que os funcionários designados para esses tipos de serviço, deveriam fazer mandavam os pacientes.
E os coitados, ficavam doentes, com doenças de pele devido ao cloro, e tantas outras.Observava muito, e logo percebi que muitos funcionários apenas batiam o ponto e saiam,eram pagos ,como somos pela verba federal,mas trabalhavam nas casas dos donos,mais um crime.
Via também pacientes fazerem favores aos funcionários,indo a padarias,barracas,supermercados,chegarem cheios de sacolas,cansados de carregarem tanto peso, que estranho,não são pacientes crônicos que devem viver enclausurados?
Mais um dado interessante que via com freqüência, o bicheiro,homem que passa jogo do bicho, tinha livre acesso as dependências dos pavilhões, para os pacientes fazerem seus jogos,crime de incentivo ao jogo em pessoas inimputáveis.
Subornavam o porteiro para terem acesso a recepção, e a sair de vez em quando, davam cigarros, lanches e até dinheiro.
Outra prática muito comum na época do Imposto de Renda,era a venda desenfreada de recibos falsos,era incrível como todo mundo passava recibo para todo mundo.
Declarações de patologias, nem sempre verdadeiras, para que os pacientes continuassem ali eram habituais na época de fiscalização.
Outro dado curioso era que algumas famílias não prestavam assistência adequada a seus parentes ali internos,ficando com a verba de direito do paciente, a LOAS, e o curioso é que as assistentes sociais tinham uma enorme resistência de denunciar o fato, bem como de realizar visitas as residências, e levar os pacientes para passeios fora do ambiente hospitalar.
O interessante, é que apesar de inúmeras visitas de equipes do Governo federal, estadual e municipal, esse hospital continua funcionando".
Fonte: http://www.pensandopravariar34.xpg.com.br/
-- Nelma Melo"Devemos lutar pela igualdade sempre que a diferença nos inferioriza mas, devemos lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza" Boaventura de Souza Santos
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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